Ataques de Pânico
Sinto-me como se tivesse um espírito sentado em cima dos meus ombros. É um espírito pesado que me faz curvar e me magoa sem que ninguém veja. Segura-se á minha cabeça com os dois braços. Um passa por cima dos meus olhos e faz-me ver tudo turvo e ás vezes não ver nada. O outro passa-me pela boca e impede-me de falar nas alturas certas e de dizer as palavras mágicas que resolvem em vez deste silêncio que me sai da alma e ninguém entende. Nem mesmo eu. Por vezes quero me libertar, e ele então, poderoso, muda a posição dos braços e tapa-me o nariz com um, a garganta com outro, e aí passo a ver e a poder falar, mas a falta de ar e a ansiedade impedem-me. Como sei que ninguém vê o espírito gordo em cima dos meus ombros, escondo-me, porque não suporto os outros, não os suporto e tenho pavor que percebam a minha agonia e me façam perguntas. É que nessas alturas nem para fingir que está tudo bem tenho forças. Sinto gritos de ajuda a tentarem sair da minha boca, mas que se esvaem em medos, e o ar que não entra, os gritos que não saem, os olhares dos outros que inquirem sem entender, o desdém, a solidão cada vez mais sufocante onde me escondo... esta tortura que me invade e que aqui explico.
É isto o pânico.
Paula AbrEu
Em 4/1/2013
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