De repente ficou tudo longe... e também ficou tudo escuro e silencioso
Não gosto da escuridão, ou seja, se calhar até gosto mas só em circunstâncias muito específicas...
A minha filha ligou de Cabo Verde... chorava muito porque já não tinham luz há várias horas, a power box não funcionava sem energia e ... "não tenho nada para fazer, mãe", "não percebo nada do que as outras meninas dizem, mãe"... e chorava num desespero que me fez ter a certeza que o problema estava longe de ser esse... "mãe... vem cá... vem para o pé de mim... por favor..." (repetido até quase julgar que era possível..)
"vem cá mãe... tenho tantas saudades tuas..."
(não consigo descrever o que senti neste momento... não consigo mesmo)
Eu disse-lhe:
- Fecha os olhos e deixa-te ir nos pensamentos... logo que possas pega num lápis e escreve de repente tudo o que sentes... surpreende-te meu amor... a mãe ama-te muito..
Calou-se... parou de chorar e respondeu mais animada:
- Vou fazer isso mesmo, mãe!! Boa idéia!! Mas vem para o pé de mim, está bem???
Ela sabe que não é possível, mas é uma forma de me sentir mais perto...
No sábado quando nos despedimos, eu é que fraquejei e chorei como um bebé no último abraço. Aquele abraço mais forte, quando o que te apetece viver é uma cena de um filme em que aquilo que tu mais desejas é mesmo o que realmente acontece...
Chorei todos os 106 km que me afastaram do aeroporto até chegar a casa... até as lágrimas já me doíam...
Na praia do Osso da Baleia, escolhemos uma duna... era a duna perfeita.
O sol que teimava em se esconder, resolveu aparecer e oferecer-nos uma bela tarde (e um belo ecaldão :)
Como estava sem ela e todo o tempo, e espaço, e som que ela preenche até adormeci ao som do mar e das gaivotas (tenho quase a certeza que sonhei contigo, meu bebé...).
É tudo silencioso e escuro sem ti meu amor. E eu não gosto da esuridão...
Paula AbrEu
1/8/2011
(Preenches a minha vida... todos os segundos que passam, mas não correm, quando tu não estás)
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